5.9.10

Quanto vale seu trabalho?



Como cobrar por um projeto? Talvez esta seja a lição mais difícil que temos que aprender quando saímos da faculdade. Afinal, ninguém nos ensina como quantificar nossa preciosa mão de obra. Lembro-me de 10 anos atrás, quando me formei, e a dificuldade que tive para chegar a um valor justo, que ao mesmo tempo fosse competitivo para um recém-formado, ávido para conquistar seu lugar no mercado. Com o tempo e a experiência, aprendi que, muito mais do que lucro, existe algo chamado CUSTO, que deve ser minuciosamente considerado na formação do preço de venda de um serviço / produto (sim, o projeto é um produto, com custo de captação, de produção e de divulgação).

 O método consagrado pelo mercado é o R$/m², que gera uma série de discrepâncias e dificuldades. Quanto vale um projeto de uma residência? São todas iguais? Será que necessariamente quanto maior a casa maior será o trabalho para projetá-la? Um loft de 600 m² é consideravelmente mais simples do que uma casa de 150m², com três quartos, dependência de empregada, área de lazer ou coisa que o valha. Onde entra o componente experiência? como medir que a casa do arquiteto A seja projetada por R$ 25,00/m² e o arquiteto B cobre R$ 40,00/m²? O cliente espera - e merece - transparência.

Outro método é aquele que estipula um percentual relativo ao valor estimado da obra. Tal metodologia encontra eco no IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil (http://www.iab-es.org.br/modulos/portal/f_tblhnr.cfm). Um pouco mais realista, baseia-se no CUB (Custo Unitário Básico), fornecido pelo SINDUSCON de cada região. O problema é que valores estimados são o que são: estimativas. Outra questão pouco ou nada considerada nesta metodologia é o quanto se gasta para elaborar um projeto. Quanto custa para mim fazer este projeto?

Fiz, há mais ou menos 7 anos, um curso com o Professor Arq. Walter Maffei, que considera exatamente os custos (diretos e indiretos) para a elaboração dos serviços (projetos incluídos) de arquitetura. Este método, mais indicado aos colegas que têm escritório, baseia-se em tudo que se gasta para o escritório funcionar, tendo clientes ou não (aluguel, secretária, internet, telefone, água, luz, material de escritório etc), os custos indiretos; e tudo que se gasta na produção do projeto (o seu salário, subcontratados, plotagem, maquetes, estagiários), os custos diretos. Em função disto, chega-se ao valor ideal em relação às horas demandadas pelo escritório para realizar determinado trabalho. Tem funcionado pra mim. Uso até hoje as planilhas fornecidas pelo professor Maffei, personalizadas com meus custos e abastecidas em cada projeto pela quantidade de horas necessárias para a realização de cada serviço, desde desenhos às reuniões com o cliente. Já pararam pra pensar no quanto fazemos serviços gratuitos quando trabalhamos? Pelo que exatamente somos pagos?  Todas aquelas reuniões para modificar o projeto, as idas às lojas, as conversas com os projetistas de instalações e estruturas, nada disso muitas vezes é cobrado.

Outra vantagem é a possibilidade de medir a "viabilidade financeira" do escritório, através de uma relação direta entre custos diretos e indiretos. Quanto mais se gasta no escritório, maior deve ser o salário do arquiteto titular. Meio óbvio, mas quando vemos isso matematicamente fica mais fácil de entender.

Enfim, acho que o caminho para o preço justo pelos nossos serviços é entendermos, antes dos nossos clientes, como é difícil e caro projetar e tocar o dia-a-dia de um escritório de arquitetura.

2 comentários:

  1. Muito bom o artigo. Parabéns.
    Tenho estudado muito este tema (precificação de serviços de serviços de Arquitetura). Será um capítulo especial do meu livro sobre ADMINISTRAÇÃO DE ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA E ENGENHARIA (2012). Fico feliz de ver que outros colegas têm ponto de vista semelhante ao meu. E o autor soube esclarecer muito bem a questão.
    Parabéns novamente.

    ResponderExcluir
  2. Sem falar que dia 14/10 estarei com certeza no curso do meu "guru" Ênio Padilha. Recomendo a todos os meus colegas de Brasília e região...

    ResponderExcluir