23.9.10

A competência incomoda?

Não é de hoje que há no meio corporativo um sistema de "premiação" às avessas para a competência, onde o destaque de um funcionário é diretamente proporcional às tentativas de "sabotagem". Me espanta como isso é comum na área da construção civil, seja em construtoras ou em qualquer empresa que possua uma gerência de obras, como hospitais, shopping centers ou condomínios.

A construção civil desenvolveu um método próprio de trabalho onde, na maioria das vezes, estabelece-se um sistema que premia o "mais ou menos". Qualquer tentativa de otimizar o trabalho, introduzir um sistema de gerenciamento de projetos e obras, que permita aferir o desempenho de desenhistas, projetistas, arquitetos e engenheiros de acordo com sua produtividade não é bem vista. "Para que mudar se eu faço desse jeito há anos?" é o que mais se ouve.

Talvez essa seja a origem do desperdício de tempo, de material, de dinheiro do cliente e da falta de possibilidades concretas de evolução nas técnicas de elaboração e gerenciamento de projetos ou na busca de novas tecnologias. "Lá vem aquela arquiteta se intrometer no meu jeito de trabalhar. Quem ela pensa que é?". Isso é mais comum do que imaginamos.

Qualquer tentativa de implementação de um programa de qualidade, tão em voga nos últimos anos, transforma-se num trabalho hercúleo. Simplesmente pelo fato de que a principal matéria-prima são as pessoas. E pessoas na construção civil não gostam de mudança. Se sentem ameaçadas pela competência. Enxergam um colega ou um subordinado eficiente como uma ameaça, ao invés de tê-lo como uma importante ferramenta de transformação. Será que um dia isso vai mudar?

19.9.10

Capes divulga ranking das pós-graduações em arquitetura, urbanismo e design do Brasil

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, divulgou a Avaliação Trienal 2010 dos Programas de Pós-Graduação stricto sensu do Brasil, inclusive de arquitetura e urbanismo e de design. Os programas receberam notas em uma escala de 1 a 7, sendo que 1 e 2 indicam o descredenciamento do programa, enquanto notas 6 e 7 indicam desempenho de referência e de inserção internacional. Para programas que tenham apenas mestrado, 5 é a nota máxima.

As faculdades mais bem avaliadas em arquitetura e urbanismo são a Universidade Federal da Bahia (Ufba), do Rio de Janeiro (Ufrj), do Rio Grande do Norte (Ufrn), a UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA , o Mackenzie, e a Universidade de São Paulo em seus cursos da capital e de São Carlos. A Universidade Federal de Minas Gerais (Ufmg) e do Rio Grande do Sul (Ufrgs) tiveram nota máxima somente em arquitetura. Em design, as mais bem colocadas são a Pontifícia Universidade Católica do RJ (PUC/RJ) e a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), em Bauru. Veja o resultado da avaliação nos programas de pós-graduação em arquitetura e urbanismo e em design, por faculdades, no link: http://trienal.capes.gov.br/

A avaliação contou com a participação de 877 avaliadores organizados em 46 comissões. Os resultados foram levados à deliberação do Conselho Técnico Científico da Educação Superior (CTC-ES) em sua 120ª reunião, que ocorreu de 30 de agosto a 03 de setembro. Leia o relatório completo da Avaliação Trienal 2010, com links para todos os resultados e subavaliações: http://trienal.capes.gov.br
Fonte: Arcoweb.com.br

Cinza de cana no lugar de areia na composição do concreto


Pesquisadores da UFSCar substituem areia por cinza de cana-de-açúcar


Divulgação: Ufscar



 
Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) conseguiu achar uma utilidade para as cinzas resultantes da queima do bagaço de cana: a produção de concreto, em substituição à areia. A produção consiste primeiramente em um processo de peneiramento, para retirar pedaços de bagaço de cana que não foram queimados, e depois em um processo de moagem, para o acerto granulométrico, de forma que os grãos da cinza fiquem com tamanho semelhante aos de areia. A primeira fase é dispensável quando a usina produtora de etanol utiliza fornos mais novos, que conseguem queimar o bagaço por completo.

Segundo Almir Sales, coordenador da pesquisa da UFSCar, numa mistura com uma substituição de areia por cinza de 30% a 50%, o concreto ganha até 17% mais resistência. Com isso, a quantidade de cimento presente no concreto poderia diminuir, mantendo a mesma resistência.
Essa substituição é possível devido às características granulométricas da cinza, que são semelhantes à da areia natural, com uma porção cristalina e alto teor de sílica. Com uma possível troca de materiais, a retirada de areia dos leitos dos rios, que vem sendo dificultada por questões ambientais, poderia diminuir significativamente. Algumas licenças para extração já estão sendo cassadas, o que diminui a oferta do agregado no mercado, elevando seu preço. "A vantagem se deve às propriedades de compactação e empacotamento dos grãos de cinzas que, por serem mais uniformes, têm preenchimento melhor do que os de areia natural", afirma Sales.

Os pesquisadores estão na etapa de testar a durabilidade do concreto, que deve ser parecida com a do concreto normal. Esta etapa está sendo feita em uma câmara que acelera o intemperismo por 12 meses. "Os resultados preliminares são animadores", garante Sales. Logo após, será feita uma avaliação sobre os impactos sobre o meio ambiente. O pesquisador estima que o estudo esteja finalizado até maio de 2011.
O objetivo da equipe é introduzir a inovação no mercado da construção civil por meio das prefeituras. A ideia é estimular primeiramente o uso do concreto de cinzas na infraestrutura urbana, na construção de sarjetas, meio-fios e bocas de lobo, por exemplo, para depois conseguir investimentos de empresas privadas.
Sales estima que, se o concreto realmente for ao mercado, deverá ser 10% a 12% mais barato, devido ao baixo custo da cinza da cana-de-açúcar e à diminuição do volume de cimento no concreto.
O grupo vem tentando, há 10 anos, substituir os agregados do concreto. Em um primeiro projeto, Sales descobriu um composto que pode substituir a pedra britada no concreto. Trata-se de um agregado artificial feito com serragem de madeira e lodo de estações de tratamento de água. A substituição da pedra por esse composto deixou o concreto 30% mais leve e com condutividade térmica mais baixa.


Divulgação: Ufscar
Bagaço armazenado. Por dia, são produzidos 10 mil t de cinzas, sendo 6 mil t só no Estado de São Paulo. Por ano, 3,8 milhões de t de cinzas de bagaço de cana-de-açúcar são descartados em aterros sanitários.

Retirada das cinzas do bagaço da cana


Betoneira: consistência do concreto com cinzas do bagaço da cana


Divulgação: Ufscar
Da esquerda para a direita: de 0% a 100% de cinzas do bagaço da cana na mistura

Divulgação: Ufscar
Mistura do concreto contendo cinza do bagaço da cana

Divulgação: Ufscar
Corpos de prova: retração dom cinza do bagaço da cana

Divulgação: Ufscar
À direita, corpos de prova com cinza do bagaço da cana

Fonte: PINIweb.com