9.9.10

COMO ORGANIZAR E ADMINISTRAR ESCRITÓRIOS DE ENGENHARIA E ARQUITETURA


Recomendo aos colegas arquitetos e engenheiros de Brasília e região o curso do Ênio Padilha. Uma ótima oportunidade de discutir assuntos do nosso cotidiano, que normalmente aprendemos na prática a um custo altíssimo.

Clique aqui para maiores informações

5.9.10

A QUESTÃO DO PREÇO - Ênio Padilha

 Tomo a liberdade de reproduzir um artigo do colega Engenheiro Ênio Padilha. Ando fascinado pelo tema e, sempre que possível, colocarei no blog informações relevantes sobre o assunto.

Um dos principais obstáculos que nós, engenheiros, arquitetos e agrônomos enfrentamos durante nossas negociações com os clientes é a questão do preço.

O leitor mais afoito já deve estar esfregando as mãos, achando que este artigo, finalmente, vai ensinar como lidar com a questão do preço. Mas o que eu tenho a dizer é simples, curto e grosso: esqueça isto. O preço não é um problema que mereça a nossa atenção!

Como assim? Como não é um problema se “todo mundo sabe que os clientes só querem saber do preço!”?
Aí (exatamente aí) é que está o grande engano: a crença, irracional, de que os clientes de engenheiros, arquitetos e agrônomos “só querem saber do preço”.
Não é o cliente que supervaloriza a importância do preço na negociação. Nós é que fazemos isto. Nós é que acreditamos que o preço é um fator determinante para a decisão de compra do cliente quando uma análise mais detalhada mostra exatamente o contrário.

Senão vejamos: tome-se um cliente comum (um dos seus, amigo leitor). Um desses que, na avaliação geral, só se preocupa com preço. Veja o carro que ele tem. É o carro mais barato do mercado? O telefone celular dele? É o mais barato? As roupas que ele usa? O sapato que calça? É tudo comprado em balaio de liquidação? Não? Como assim? Ele não se preocupa só com preço?

E o médico dele? É sempre o recém-formado da hora? O dentista que trata dos dentes dele? O cabeleireiro? o mecânico? A escola onde os filhos dele estudam... O que foi, leitor? Está pensativo? Você começou a se dar conta de que esse cliente, na verdade, só se preocupa com preço quando o negócio é com você?


Então me responda: o que é mais provável, “isso” ou o fato de que, na verdade, o preço não é a questão que determina a decisão de compra desse cliente?

Pense um pouco, leitor. Quais são as coisas que você compra usando o preço como elemento fundamental na decisão de compra? Seu creme dental é o mais barato, suas roupas, sapatos, seu carro, o supermercado onde você faz compras do mês, a cerveja que você bebe no fim de semana... Hmmmm... Se você interromper a leitura agora e fizer uma lista dos produtos que, para você, têm o preço como variável determinante para a decisão de compra chegará à seguinte conclusão:

só existem três coisas que explicam o fato de alguém comprar por preço (utilizando apenas o preço como variável determinante da decisão de compra):

1) quando a pessoa não tem dinheiro para comprar o que gostaria de comprar;

2) Quando não está envolvida diretamente no processo de consumo do produto a ser comprado;

3) Quando acha (está convencida) de que todos os produtos (concorrentes) são iguais.

No nosso caso, os potenciais clientes não se encaixam nem nos dois critérios acima, pois sempre têm dinheiro e, obviamente, estão minimamente interessados no produto final (casa, prédio, indústria, equipamento...) que decorrerá dos nossos serviços. Logo, concluímos que o que o cliente não é sensível ao preço (não quer saber só de preço) o que ele tem e a sensação (convicção) de que os nossos produtos são todos comodities.

Commodity, segundo o dicionário Houaiss, é qualquer bem em estado bruto, geralmente de origem agropecuária ou de extração (mineral ou vegetal) produzido em larga escala mundial e com características físicas homogêneas, seja qual for a sua origem. O termo também define cada um dos produtos primários (café, açúcar, soja, trigo, petróleo, ouro, etc.), cujo preço é determinado pela oferta e procura internacional. Commodities são, portanto, produtos sem diferenciação relevante. Coisas do tipo “água mineral”, “leite em caixinha”, “tangerina-de-beira-de-estrada”...

E desde quando serviço de engenharia, arquitetura ou agronomia é uma commodity?

Aha! Mas aí é que está. O cliente pensa que é. Os clientes, de uma maneira geral, pensam que os engenheiros são todos iguais (o mesmo raciocínio vale para arquitetos e agrônomos). Ora, se todos são iguais, é natural que o preço vire fator determinante para a decisão de compra.

Mas então, meu amigo leitor, o problema não é o fato de o cliente só querer saber do preço. O problema é o cliente pensar que engenheiros são todos iguais. Esse é o problema a ser resolvido. Aprender a fazer guerra de preços não resolve este problema, pois mira no alvo errado. O que nós precisamos aprender é a diferenciar nosso produto, mudar a percepção do cliente sobre o nosso trabalho e fazer com que ele identifique as diferenças que existem entre os profissionais do mercado.
A execução dessa tarefa tem um nome bastante conhecido: marketing!
Só falta você.

ÊNIO PADILHA
www.eniopadilha.com.br

PINIweb.com.br | Senado lança cartilha sobre edifícios públicos sustentáveis | Construção Civil, Engenharia Civil, Arquitetura

PINIweb.com.br | Senado lança cartilha sobre edifícios públicos sustentáveis | Construção Civil, Engenharia Civil, Arquitetura

Quanto vale seu trabalho?



Como cobrar por um projeto? Talvez esta seja a lição mais difícil que temos que aprender quando saímos da faculdade. Afinal, ninguém nos ensina como quantificar nossa preciosa mão de obra. Lembro-me de 10 anos atrás, quando me formei, e a dificuldade que tive para chegar a um valor justo, que ao mesmo tempo fosse competitivo para um recém-formado, ávido para conquistar seu lugar no mercado. Com o tempo e a experiência, aprendi que, muito mais do que lucro, existe algo chamado CUSTO, que deve ser minuciosamente considerado na formação do preço de venda de um serviço / produto (sim, o projeto é um produto, com custo de captação, de produção e de divulgação).

 O método consagrado pelo mercado é o R$/m², que gera uma série de discrepâncias e dificuldades. Quanto vale um projeto de uma residência? São todas iguais? Será que necessariamente quanto maior a casa maior será o trabalho para projetá-la? Um loft de 600 m² é consideravelmente mais simples do que uma casa de 150m², com três quartos, dependência de empregada, área de lazer ou coisa que o valha. Onde entra o componente experiência? como medir que a casa do arquiteto A seja projetada por R$ 25,00/m² e o arquiteto B cobre R$ 40,00/m²? O cliente espera - e merece - transparência.

Outro método é aquele que estipula um percentual relativo ao valor estimado da obra. Tal metodologia encontra eco no IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil (http://www.iab-es.org.br/modulos/portal/f_tblhnr.cfm). Um pouco mais realista, baseia-se no CUB (Custo Unitário Básico), fornecido pelo SINDUSCON de cada região. O problema é que valores estimados são o que são: estimativas. Outra questão pouco ou nada considerada nesta metodologia é o quanto se gasta para elaborar um projeto. Quanto custa para mim fazer este projeto?

Fiz, há mais ou menos 7 anos, um curso com o Professor Arq. Walter Maffei, que considera exatamente os custos (diretos e indiretos) para a elaboração dos serviços (projetos incluídos) de arquitetura. Este método, mais indicado aos colegas que têm escritório, baseia-se em tudo que se gasta para o escritório funcionar, tendo clientes ou não (aluguel, secretária, internet, telefone, água, luz, material de escritório etc), os custos indiretos; e tudo que se gasta na produção do projeto (o seu salário, subcontratados, plotagem, maquetes, estagiários), os custos diretos. Em função disto, chega-se ao valor ideal em relação às horas demandadas pelo escritório para realizar determinado trabalho. Tem funcionado pra mim. Uso até hoje as planilhas fornecidas pelo professor Maffei, personalizadas com meus custos e abastecidas em cada projeto pela quantidade de horas necessárias para a realização de cada serviço, desde desenhos às reuniões com o cliente. Já pararam pra pensar no quanto fazemos serviços gratuitos quando trabalhamos? Pelo que exatamente somos pagos?  Todas aquelas reuniões para modificar o projeto, as idas às lojas, as conversas com os projetistas de instalações e estruturas, nada disso muitas vezes é cobrado.

Outra vantagem é a possibilidade de medir a "viabilidade financeira" do escritório, através de uma relação direta entre custos diretos e indiretos. Quanto mais se gasta no escritório, maior deve ser o salário do arquiteto titular. Meio óbvio, mas quando vemos isso matematicamente fica mais fácil de entender.

Enfim, acho que o caminho para o preço justo pelos nossos serviços é entendermos, antes dos nossos clientes, como é difícil e caro projetar e tocar o dia-a-dia de um escritório de arquitetura.