19.10.10

Vou escrever um livro

Estou pensando pretensiosamente em escrever um livro. Após ler centenas e assistir a algumas palestras sobre auto-ajuda e conceitos modernos de administração e negócios, descobri que a melhor maneira de ajudar futuros arquitetos e empreendedores é mostrar tudo o que fiz de errado nos últimos anos, até porque concorrer com aqueles livros cheios de exemplos de sucesso é bem mais difícil. Estou indeciso sobre o título. Pensei em "Faça o que eu digo, não faça o que eu fiz" , ou "Como não ganhar dinheiro com arquitetura".


Aventurar-se numa profissão tão concorrida recém-saído da faculdade, sem ter trabalhado tanto em outros escritórios foi a melhor e a pior escola de negócios que tive. Não pude me espelhar em ninguém, aprender com ninguém, me basear em ninguém. O mundo real é implacável. Como autônomo, suas melhores qualidades e seus piores defeitos são notados pela entidade que regerá sua vida daqui pra frente: o cliente. Não há um chefe, um colega de trabalho que te diga que algo vai dar errado. Aprende-se quando a vaca já está no brejo até os chifres.

Um contrato, por exemplo, deve conter todos os pormenores e prever todos os problemas possíveis na relação arquiteto-cliente. Mas aquela nova cláusula só será acrescentada após você ter sentido falta dela no contrato anterior, e assim por diante. Na faculdade, perde-se pontos com os erros, no escritório perde-se dinheiro.

Numa categoria tão desunida, tão heterogênea, é fundamental valer-se de um bom networking, não ter receio de ligar para um colega, pedir opinião sobre como e quanto cobrar ou como fazer uma proposta decente. Com os contatos certos, podemos desenvolver uma rede profissional eficiente, onde trabalhos conjuntos ou indicações de outros colegas são mais comuns do que se pensa.

O irônico é que sempre que estou desgostoso com a profissão, ao tentar escrever algo desanimador não consigo. É bom demais projetar. Talvez nossa grande habilidade resida na principal ferramenta de trabalho que temos: criatividade. Para nos reinventarmos, para abrir duas portas para cada uma que se fecha, para descobrir novos nichos de mercado e novas maneiras de  fazer o que sempre foi feito. A academia ensina a projetar, mas é a vida, o cotidiano de um escritório que nos ensina a trabalhar.

A conclusão que tiro é que errar é bom. O erro nos motiva a fazer diferente, nos faz lembrar que sempre há alguém melhor. Que temos que buscar a excelência sempre. Às vezes me sinto um Don Quixote lutando contra o moinho. Às vezes me sinto o homem mais sortudo do mundo. Afinal, ainda há muitos moinhos pra serem vencidos.

6 comentários:

  1. Conte comigo para qualquer orientação que esteja ao meu alcance.
    À propósito, "FAÇA O QUE EU DIGO, NÃO FAÇA O QUE EU FIZ" é um título muito bom!
    Abraço

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  2. Manda Ver!!! Se quiser coletar mais material sobre o assunto, falemos disso numa mesa de buteco!!! RS Abraço!! Elon

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  3. Como formando em arquitetura vai ser ótimo ter uma base criativa e já mostrando as peripécias que um profissional enfrentou.

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  4. Quer material meu tb? Tenho um monte!!!
    ADorei a idéia desse livro!!!!!!!
    kkkkkkkkkk

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