8.4.11

Contos de um arquiteto daltônico 02 - A loja Salmão


Fiz uma loja de moda feminina há uns 6 anos num shopping aqui de Brasília. Foi o primeiro trabalho para esse casal de clientes que, após outros trabalhos, se tornaram grandes amigos. O projeto foi concebido de forma bem tranqüila. Sempre nos entendemos bem com a Milena, nossa cliente. Como na época ainda executava minhas obras, lá fomos nós para aquela loucura que é obra de shopping center: cronogramas apertados, mão de obra que te deixa na mão, viradas de noite, marceneiro que chega na véspera da inauguração só com metade do mobiliário... ossos do ofício.

Perguntei pra cliente que cor ela preferia para as paredes da loja. Ela foi bem clara: qualquer uma, menos salmão. Lá vai o arquiteto comprar tinta, achando que daltonismo tem cura. Escolhi um tom de palha, pra combinar com o piso de madeira com cimento e os móveis brancos. Tudo conforme projetado. Tinta comprada, pintor virando a noite (faltavam uns 3 dias para a inauguração). Chega a cliente cedinho para ver a loja. Choradeira total! A loja estava... SALMÃO!!! Depois de muito relutar acabei contando que era daltônico...

Não satisfeito, me comprometi em arcar com o prejuízo da tinta e voltei à loja para comprar a cor certa. Volto à obra e mostro a tinta escolhida para minha sócia (e esposa, pra bronca ficar maior): SALMÃO!!!
Hoje lembramos da história com humor, mas passei momentos tensos. Fica a dica: NA DÚVIDA, USE BRANCO.

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